quinta-feira, 22 de abril de 2010

A PUXADA DE CAVALOS NÃO É DIVERSÃO, É TORTURA!!

Desde há muitos anos, nós, cidadãos catarinenses providos de um mínimo de humanidade e bom senso lutamos pela abolição da prática da farra do boi no estado de Santa Catarina como uma forma de expressar uma indignação maior, que é pela abolição de todas as práticas, individuais ou institucionalizadas, de todo e qualquer ato de abuso e maus-tratos aos animais, e esta sim, para nós, protetores e ativistas ambientais, é uma luta diária.

O crime da farra do boi, por si só cruel, é vergonhoso para o estado de Santa Catarina, e repulsivo sob todos os pontos de vista, social, moral e legal, e já conseguiria sozinho nos envergonhar. Já dizia Mark Twain: O homem é o único animal que cora, ou melhor, que tem motivo para corar.

O que dizer então da prática igualmente cruel da puxada de cavalos?

Mais uma prática arbitrária, desmedida e cínica onde nós “humanos”, usamos os cavalos para nos divertir às custas de seu sofrimento e em nome da tradição. Consiste em uma corrida estúpida, entre dois cavalos que são obrigados a puxar toneladas de peso, rompendo muitas vezes as articulações, caindo com dor ao chão, sendo estimulado por chutes e pedradas. O objetivo é: Provar como o ser humano é estúpido!

A ultima puxada de cavalos ocorreu em Pomerode-SC, a cidade mais alemã do Brasil, um lugar de verdes pastos, pessoas loiras de olhos azuis, senhores educados em praças, um dos índices de qualidade de vida mais altos do Brasil, mas que presenciou um ato covarde e desmedido no último dia 18. Como se não bastasse a manifestação medieval de imbecilidade coletiva em nome de uma tradição cínica, os manifestantes de proteção aos animais, mulheres em sua maioria, foram agredidas covardemente pelos organizadores do “evento” com paus, pedras, ovos podres, ameaças de morte, humilhações. Muitas saíram machucadas, estão hospitalizadas, passaram por cirurgias.

Essa situação vem corroborar uma conhecida tese de psiquiatras forenses de que quem pratica tortura e crueldade contra animais, facilmente a pratica contra pessoas, pois é desprovido de qualquer sentimento de humanidade e compaixão pelo próximo. O valor em questão, que é a vida e a dignidade de um ser vivo é absoluto e diante dessa essência, o crime é o mesmo. Não há mais trigo, vira tudo joio.

As manifestantes foram tratadas com a mesma humilhação, o mesmo desrespeito, a mesma violência. A diferença é que elas podem se defender, diferente dos animais que não podem e não sabem como se defender. E não lhes resta outra alternativa a não ser se submeter, se curvar, se escravizar, para que nós, os humanos, seres “racionais” o utilizemos deles para nossa diversão.

Essa lógica perversa é a mesma da farra do boi, dos rodeios, das touradas, das rinhas de galo, circos com animais. Portanto, o que está em discussão não é a prática em si, não é o clássico conflito entre direitos dos animais e direitos culturais. Não, o que se debate aqui é uma cultura só: A cultura da violência gratuita, como se a legitimidade social conferida à violência contra os animais, justificasse moralmente todos os seus desdobramentos igualmente violentos.

Perfeito Maicon Teffen no Jornal de Santa Catarina: (..) Brinquedo de quem sente necessidade de chegar à frente do vizinho, escancara o nosso desprezo a tudo que se encontre fora dos padrões de ordem e progresso. Concluído o processo civilizatório do Vale do Itajaí, os pomeranos e seus descendentes resolveram torturar cavalos para não se suicidar de tédio (...).

E que bem lembra que justamente no momento em que Pomerode coloca a puxada de cavalos em seu calendário oficial, e sem deixar de lembrar que se a grandeza de uma nação é julgada pela forma como trata seus animais (Gandhi) é importante se questionar que tipo de precedentes estamos criando em nome de uma tradição, de uma cultura, que até onde vimos, só propaga violência e sofrimento.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O que aprendemos com as crianças

Dia desses, semana passada, estávamos eu e uma grande amiga, fazendo aquele que é nosso programa favorito: Sair pra jantar!!

Um friozinho no deck, uma comidinha deliciosa e uma conversa de primeira.

O ponto alto da conversa foi quando ela me contou que a sua sobrinha, uma graça de criança, toda mimosa e princesinha tinha terminado o “namorinho” dela com o Mateus pra ficar com o Victor.

O tal do Mateus estava arrasado, não queria mais fazer as atividades, não saia mais para brincar na hora do “recreio”... tadinho do pobre Mateus, aprendendo cedo como são complicados os problemas do coração.

À conquistadora, sobrinha da Juli, restou perguntar o porquê dela ter terminado com o Mateus, um menino que estava sofrendo tanto, para ficar com o Victor, ao que ela responde: “Porque ele não queria me emprestar o lápis de cor”.

Vi aquilo tudo com uma nostalgia tão boa, tão saudosa, porque é bom ver a inocência daquela menina, tão pequena e tão segura. Não pensou duas vezes, dispensou o Mateus, por um motivo que pra ela pelo menos é importante.

O Mateus vai se recuperar, lógico, mas aprendeu cedo que as meninas gostam de ter seus desejos atendidos e um dia vai lembrar da mulher que ensinou isso pra ele no jardim de infância, perdida entre suas massinhas de modelar e seus lápis de cor.

A nossa protagonista também ao crescer vai ver que nos problemas do coração, as vezes a gente tem que ceder, voltar, respirar, dar uma segunda chance... e eu que as vezes brigo com mundo à toa, por bem menos do que um lápis de cor, aprendi que está na hora de crescer.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Plano

(...) É um homem que queria mudar o mundo. E quando eu pergunto onde isso tudo foi parar, ele me diz que isso hoje em dia é utopia, que não acredita mais em certas instituições outrora tão dona de seus sonhos... Eu penso no homem que mudou o meu mundo, que mudou a minha vida de forma definitiva, mas não falo nada, apenas sorrio com o canto da boca para ver se ele pára de dizer tantas bobagens... o único defeito dele é que ele não sabe nada sobre verdadeiros heróis...
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Você era o plano. Editado, revisado, rabiscado, por tantas vezes rasurado, e por fim, pronto. Era o plano e agora, sobremaneira e sobretudo, é a escolha.

E além, muito além disso tudo, ainda e sempre, é a minha entrega. A mais plena, a mais intensa, a mais verdadeira. É o meu melhor pedaço. É o capítulo mais bonito da minha história. É o meu caminhar lado a lado, é meu afago ao final do dia, é o olhar compreensivo pousado na mesa, é quem me dá certeza de que não há problema verdadeiramente grande no mundo que não possamos enfrentar juntos.

É quem eu imagino ao meu lado daqui muitos (muitos mesmo) anos, em uma varanda, em uma noite de outono, tomando um cálice de vinho do porto, esquentando minhas mãos geladas.
“- Agora venha meu bem, faz frio aqui fora..”

É o equilíbrio fundamental e incondicional da minha insanidade, é peça indispensável na engrenagem da minha vida. É o chocolate amargo, é vela amarela, é a lua cheia, é Blues, é não precisar falar.

É a crônica terminada, o plano fechado, o texto não mais rasurado, é a história contada com suas partes impublicáveis, o sono velado.

É a espera pelos melhores anos da minha vida...