terça-feira, 7 de abril de 2009

Por uma liberdade mais sincera

Escrita em 2006.


Obviamente que eu me preocupo com as contas, com a estabilidade financeira e emocional, com as horas de sono e com a minha sanidade, mas em contra partida, nutro um sentimento de desapego à tudo que não considero essencial.

E é sobre isso que eu gostaria de falar. Percebi que eu não preciso me preocupar, me viro em qualquer lugar do mundo, falo inglês, arranho um espanhol, entendo um pouco de francês. Bem... já são várias opções...

Não tenho doença degenerativa, não tenho alergia a nada, não sou fresca, enxergo bem, ouço bem, meu coração ta meio cansado, mas ta funcionando bem. Malho quase todo dia, o que me garante uma resistência boa, ou seja, se eu quiser sair andando por ai, eu também poderia.

Vivo bem sem algumas mordomias como carro, computador, celular e Ipod, de modo que não são esses pequenos-falsos-luxos que me prenderiam aqui.

Não sou insubstituível, podem achar alguém pro meu lugar no trabalho, não tenho fortunas em aplicações, declarei meu imposto de renda, não tenho credores nem devedores, nem estou para receber uma herança, de modo que eu não quebraria a Bovespa se eu resolvesse me mandar.

Tenho poucos móveis, eu poderia doa-los, ficaria com poucas coisas, as mais leves de preferência. Tenho um carro, mas que nem está pago, então, com os juros comensais que estão embutidos no financiamento, eu poderia simplesmente rescindir o contrato devolvendo-o para o banco.

Já dei aula de inglês e como sou brasileira posso dar aulas de inglês e português. Isso já me permite trabalhar em qualquer lugar do mundo.

Eu não preciso nem estudar, eu me formei em direito e não advogo, então se eu tivesse ido pescar em vez de ir para a faculdade, por este ponto de vista, teria dado no mesmo.

É bem verdade que eu sentiria uma saudade gigante da minha família, mas hoje em dia tem internet e as distancias se encurtaram, o mundo realmente ficou plano.

Poderia.... Ou não!!!

Eu não poderia sair sem destino, eu continuaria com a minha carreira de advogada-meioquesemsaberseéissomesmo-executiva e abriria mão do mundo de incertezas para levar uma vida previsível e bem sucedida (?). Pagaria um preço alto, é bem verdade, continuaria trabalhando 14 horas por dia, vendendo muito caro o meu tempo aqui nessa vida.

Mas se o preço é alto de qualquer forma eu prefiro pagar com a sensação de que a vida é um sopro, uma brisa. O fato de não ter nada e de não querer ter nada e nem ser grande coisa é que me fascina. Era dessa liberdade que eu estava falando.

Pode ser que eu nunca largue a minha “boa” (??) vida para viver sem lenço e sem documento, mas gosto de pensar que eu poderia fazer isso quando eu bem quiser.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sempre nao é todo dia ou algo mais ou menos assim

Ta bom, eu sei que eu ando dormindo pouco, ando comendo de menos e estou bem mais distraída do que o normal. E antes que você me pergunte... eu não sei o que está acontecendo, ok?Sei lá, você nunca ficou triste sem motivo? Você nunca sentiu medo de perder as pessoas que ama? De que seu cachorro morra?Você sempre tem certeza de tudo? Sempre fala as coisas certas nas horas certas? Nunca comete uma gafe? Você sempre acha que a sua opinião é a melhor de todas? E mesmo que não for, o seu poder de argumentação é sobrenatural, o que no fim da na mesma...

Faz muito tempo que você deixou de acreditar em milagres?Você nunca espumou de ódio? Ou chorou por nada? Ou engoliu com a sensação de estar passando uma jamanta pela garganta? Você nunca baixou a cabeça? Nem mesmo precisou entregar os pontos?

Então você nunca acordou querendo arrumar uma virose para não ir trabalhar por uns três dias? Você não sente vontade de morar no Alaska? Só pra ficar embernado? Você nunca quis jogar o seu celular do décimo andar?

Você realmente acha que tem o melhor emprego do mundo? Que sua família é perfeita? Que você mora na melhor cidade do mundo? Que você tem amigos verdadeiros?

Nunca te passou pela cabeça que tudo poderia ter sido diferente? Que você poderia se mudar pra Bali?

Você não tem vontade de sair correndo da sua mesa de trabalho, desligar o celular, tomar uma dose cavalar de calmante, apagar a luz e dormir?

Você nunca se questionou sobre Deus? Ou sobre o que estamos fazendo nesse mundo? Será que precisamos mesmo disso tudo?É isso colega, é só isso, tudo isso...