terça-feira, 19 de outubro de 2010

Por todo o resto

Por mais que riam as caras e que ternura se esqueça, por mais que o amor prevaleça... Vocês fizeram os dias assim...

Passei a noite acordada. Em dias assim, não durmo, me despedaço, me desfaço, não me reconheço. Costumo perceber a (falta de) qualidade da minha vida pela quantidade de horas que passo pensando em sumir.

No meu mundo perfeito, eu não teria escorregado na saída de casa, não teria perdido meu celular, o juiz teria deferido meu pedido, eu teria almoçado bem, teria conseguido olhar pro meu umbigo sem o peso do mundo nas minhas costas, não teria me sentido atolada nesse planeta cinza tentando dar passos sincronizados para sair, mas desejando profundamente me afundar de vez. Não, não é o mundo... “mea culpa”, sem dúvida, essas e todas as outras.

Eu que ainda não entendi o difícil é o processo de compreensão de que as coisas na maioria das vezes não depende da minha vontade de fazer com que elas aconteçam e que fingir, mesmo que com convicção, não torna uma mentira em verdade.

A reticência sempre me acompanhou...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Eu nunca tive vocação para o que é hipocritamente correto, nunca soube ser menos, nunca soube entrar sem deixar cair algo no chão. Nunca soube ceder sem querer me vingar depois, nunca soube ir embora sem soluçar.

Sempre quis que a vida me mostrasse qualquer coisa que não se limitasse ao alcance da minha vista. Sempre tive pavor de constatar que mundo acaba só ali. Sempre exigi da vida um passeio pelo Sena, uma tarde em Veneza, um chocolate quente em Praga.
Nunca soube me deixar seduzir pelo o que não me acrescenta, pelo o que não me apaixona, nunca soube me entregar à algo que não fosse por acreditar verdadeiramente nela.

E, me sufoco. Me sufoco e escrevo. Exorcizo meus pensamentos com palavras, como se eu pudesse descascar meus pensamentos, até expô-los. Por isso mesmo, escrever é minha calma e meu inferno. Minhas palavras me acalmam e me perturbam.

Não faço dramas à toa, já fui bem mais intensa, hoje sou mais serena, uma serenidade que até me cansa. Uma serenidade contraditória. Intelectual apenas, eu diria de passagem. Porque eu continuo chorando muito e rindo com a mesma intensidade, as vezes, ao mesmo tempo. A diferença é que hoje eu sorrio muito mais com os olhos (janela da alma, talvez?), mas ainda choro encolhida, abraçando as pernas, de cabeça baixa.

Por isso, vida, não me venha com trelelés, com mais ou menos, com qualquer coisa, com assim mesmo, com qualquer jeito. Me venha sem seus baixos, só com seus altos.

Sei que tenho medo de altura...mas me fascino pela profundidade...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Conversas no Divã...

- Minha terapeuta: Como voce está se sentindo hoje?
- Eu: Antes de ser qualquer coisa, acho que sou alguém que não aceita viver relações desonestas. Em nada, com ninguém, sob nenhuma hipótese.
(...) Uma menina correndo atrás para ser uma grande mulher. E que quer ser feliz. E essa condição, acredite, passa necessariamente por nós dois, por mim e por ele. Passa também por conseguir diluir o medo, então é por isso que volto, perco a hora, entrelaço os dedos e fico um pouco mais.
(...) Eu queria perder essa mania de ficar olhando a porta...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Dia desses na estrada, não me lembro bem qual era o nosso assunto, mas por algum motivo me virei para você e disse que você era o primeiro homem para quem eu estava falando aquilo. E você, com seu romantismo sarcástico me respondeu: “O primeiro e o último”.

Sim, meu amor. O último sim. O último amor, o último homem, o ponto final, o fim da linha, o fim da estrada, o fim da busca.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Canção para ninar gente grande

Ontem foi um daqueles dias que você não dormiu aqui comigo. Às vezes eu penso que estou acostumada, que é só mais um dia, que esperar uma noite ou duas pra ter você de volta é tão pouco perto dos 29 anos da minha vida que esperei por você, mas sua ausência se agiganta ainda mais quando cai a noite.

O dia de ontem transcorreu na sua tranqüilidade habitual, consegui chegar cedo em casa, quando abri a porta do apartamento, uma onda gelada chegou nas minhas costas, eu até cheguei a checar as janelas, crente que alguma tinha ficado aberta. Mas logo o silencio perturbador me ajudou a lembrar que a tua ausência é gelada mesmo, é calada, é cinza.

Piorou quando eu fui tomar banho, tenho certeza que a reforma do prédio afetou nosso encanamento, porque a água hora estava fervendo, hora congelando. Logo me lembrei o motivo.

Eu tinha tido uma crise de insônia na noite retrasada o que me deixou extremamente sonolenta depois do banho. Sai, vesti uma camiseta qualquer, deitei na nossa cama, assim, sem ligar a TV, sem brincar na internet, sem jantar. Simplesmente deitei e dormi, provavelmente antes mesmo de terminar o Jornal Nacional, mas não sei, nem olhei no relógio.

É como se eu sozinha tivesse uma vida pela metade, onde eu só faço o extremamente necessário para a continuidade dela. Só. Nada mais existe além do extremamente necessário para continuar a respirar. Sem você a casa fica fria, a cama vazia, a TV calada, as sombras imóveis. Sem você a rotina fica pesada demais, as horas não passam, eu não me basto.

Sem você a casa não tem filme com pipoca (e choro), não tem banho quente, não tem jantar a quatro mãos, não tem comemoração ao amor com brinde de champagne, não tem musica, não tem conversa antes de dormir, não tem cheiro de shampoo, não tem beijo de boa noite.

E hoje também eu não me espero para jantar!!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A PUXADA DE CAVALOS NÃO É DIVERSÃO, É TORTURA!!

Desde há muitos anos, nós, cidadãos catarinenses providos de um mínimo de humanidade e bom senso lutamos pela abolição da prática da farra do boi no estado de Santa Catarina como uma forma de expressar uma indignação maior, que é pela abolição de todas as práticas, individuais ou institucionalizadas, de todo e qualquer ato de abuso e maus-tratos aos animais, e esta sim, para nós, protetores e ativistas ambientais, é uma luta diária.

O crime da farra do boi, por si só cruel, é vergonhoso para o estado de Santa Catarina, e repulsivo sob todos os pontos de vista, social, moral e legal, e já conseguiria sozinho nos envergonhar. Já dizia Mark Twain: O homem é o único animal que cora, ou melhor, que tem motivo para corar.

O que dizer então da prática igualmente cruel da puxada de cavalos?

Mais uma prática arbitrária, desmedida e cínica onde nós “humanos”, usamos os cavalos para nos divertir às custas de seu sofrimento e em nome da tradição. Consiste em uma corrida estúpida, entre dois cavalos que são obrigados a puxar toneladas de peso, rompendo muitas vezes as articulações, caindo com dor ao chão, sendo estimulado por chutes e pedradas. O objetivo é: Provar como o ser humano é estúpido!

A ultima puxada de cavalos ocorreu em Pomerode-SC, a cidade mais alemã do Brasil, um lugar de verdes pastos, pessoas loiras de olhos azuis, senhores educados em praças, um dos índices de qualidade de vida mais altos do Brasil, mas que presenciou um ato covarde e desmedido no último dia 18. Como se não bastasse a manifestação medieval de imbecilidade coletiva em nome de uma tradição cínica, os manifestantes de proteção aos animais, mulheres em sua maioria, foram agredidas covardemente pelos organizadores do “evento” com paus, pedras, ovos podres, ameaças de morte, humilhações. Muitas saíram machucadas, estão hospitalizadas, passaram por cirurgias.

Essa situação vem corroborar uma conhecida tese de psiquiatras forenses de que quem pratica tortura e crueldade contra animais, facilmente a pratica contra pessoas, pois é desprovido de qualquer sentimento de humanidade e compaixão pelo próximo. O valor em questão, que é a vida e a dignidade de um ser vivo é absoluto e diante dessa essência, o crime é o mesmo. Não há mais trigo, vira tudo joio.

As manifestantes foram tratadas com a mesma humilhação, o mesmo desrespeito, a mesma violência. A diferença é que elas podem se defender, diferente dos animais que não podem e não sabem como se defender. E não lhes resta outra alternativa a não ser se submeter, se curvar, se escravizar, para que nós, os humanos, seres “racionais” o utilizemos deles para nossa diversão.

Essa lógica perversa é a mesma da farra do boi, dos rodeios, das touradas, das rinhas de galo, circos com animais. Portanto, o que está em discussão não é a prática em si, não é o clássico conflito entre direitos dos animais e direitos culturais. Não, o que se debate aqui é uma cultura só: A cultura da violência gratuita, como se a legitimidade social conferida à violência contra os animais, justificasse moralmente todos os seus desdobramentos igualmente violentos.

Perfeito Maicon Teffen no Jornal de Santa Catarina: (..) Brinquedo de quem sente necessidade de chegar à frente do vizinho, escancara o nosso desprezo a tudo que se encontre fora dos padrões de ordem e progresso. Concluído o processo civilizatório do Vale do Itajaí, os pomeranos e seus descendentes resolveram torturar cavalos para não se suicidar de tédio (...).

E que bem lembra que justamente no momento em que Pomerode coloca a puxada de cavalos em seu calendário oficial, e sem deixar de lembrar que se a grandeza de uma nação é julgada pela forma como trata seus animais (Gandhi) é importante se questionar que tipo de precedentes estamos criando em nome de uma tradição, de uma cultura, que até onde vimos, só propaga violência e sofrimento.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O que aprendemos com as crianças

Dia desses, semana passada, estávamos eu e uma grande amiga, fazendo aquele que é nosso programa favorito: Sair pra jantar!!

Um friozinho no deck, uma comidinha deliciosa e uma conversa de primeira.

O ponto alto da conversa foi quando ela me contou que a sua sobrinha, uma graça de criança, toda mimosa e princesinha tinha terminado o “namorinho” dela com o Mateus pra ficar com o Victor.

O tal do Mateus estava arrasado, não queria mais fazer as atividades, não saia mais para brincar na hora do “recreio”... tadinho do pobre Mateus, aprendendo cedo como são complicados os problemas do coração.

À conquistadora, sobrinha da Juli, restou perguntar o porquê dela ter terminado com o Mateus, um menino que estava sofrendo tanto, para ficar com o Victor, ao que ela responde: “Porque ele não queria me emprestar o lápis de cor”.

Vi aquilo tudo com uma nostalgia tão boa, tão saudosa, porque é bom ver a inocência daquela menina, tão pequena e tão segura. Não pensou duas vezes, dispensou o Mateus, por um motivo que pra ela pelo menos é importante.

O Mateus vai se recuperar, lógico, mas aprendeu cedo que as meninas gostam de ter seus desejos atendidos e um dia vai lembrar da mulher que ensinou isso pra ele no jardim de infância, perdida entre suas massinhas de modelar e seus lápis de cor.

A nossa protagonista também ao crescer vai ver que nos problemas do coração, as vezes a gente tem que ceder, voltar, respirar, dar uma segunda chance... e eu que as vezes brigo com mundo à toa, por bem menos do que um lápis de cor, aprendi que está na hora de crescer.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Plano

(...) É um homem que queria mudar o mundo. E quando eu pergunto onde isso tudo foi parar, ele me diz que isso hoje em dia é utopia, que não acredita mais em certas instituições outrora tão dona de seus sonhos... Eu penso no homem que mudou o meu mundo, que mudou a minha vida de forma definitiva, mas não falo nada, apenas sorrio com o canto da boca para ver se ele pára de dizer tantas bobagens... o único defeito dele é que ele não sabe nada sobre verdadeiros heróis...
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Você era o plano. Editado, revisado, rabiscado, por tantas vezes rasurado, e por fim, pronto. Era o plano e agora, sobremaneira e sobretudo, é a escolha.

E além, muito além disso tudo, ainda e sempre, é a minha entrega. A mais plena, a mais intensa, a mais verdadeira. É o meu melhor pedaço. É o capítulo mais bonito da minha história. É o meu caminhar lado a lado, é meu afago ao final do dia, é o olhar compreensivo pousado na mesa, é quem me dá certeza de que não há problema verdadeiramente grande no mundo que não possamos enfrentar juntos.

É quem eu imagino ao meu lado daqui muitos (muitos mesmo) anos, em uma varanda, em uma noite de outono, tomando um cálice de vinho do porto, esquentando minhas mãos geladas.
“- Agora venha meu bem, faz frio aqui fora..”

É o equilíbrio fundamental e incondicional da minha insanidade, é peça indispensável na engrenagem da minha vida. É o chocolate amargo, é vela amarela, é a lua cheia, é Blues, é não precisar falar.

É a crônica terminada, o plano fechado, o texto não mais rasurado, é a história contada com suas partes impublicáveis, o sono velado.

É a espera pelos melhores anos da minha vida...

segunda-feira, 29 de março de 2010

Era uma vez, em um reino muito, muito distante...

Era uma vez um gato chinês, um rei burguês, um cavalo polonês.... Mentira, nem era sobre isso que eu queria falar!!

Eu tenho uma teoria...

Toda história encantada começa com “Era uma vez..” e termina com “...e viveram felizes para sempre!". Pois bem, assim é. Nos remontamos com nostalgia à essas histórias infantis porque mesmo depois de grandinhas, ainda é assim que esperamos que nossa vida termine.

Dos irmãos Grimm ao Walt Disney, todos sabemos como funciona a lógica previsível dos príncipes encantados. A princesa estava em perigo, o amor era a salvação, o príncipe aparecia em um cavalo branco e a bruxa malvada que morria de inveja da bela princesa desaparatava e tudo tinha um belo final, com passarinhos cantando, bules que falavam, flores que se abriam, enfim...

Por que nós mulheres pós modernas, independentes, inteligentes, suficientes, bem resolvidas ainda sonhamos pela hipótese, mesmo que remota de que ainda existam príncipes encantados?

Vejamos... nas histórias infantis o que fazia um príncipe ser encantado? Seu cavalo branco? O sangue azul? Seus milhões? Sua bela forma física? Sua roupa justa, seu chapéu, sua espada e sua capinha? Com certeza não. O que o fazia ser um príncipe era justamente o seu encanto. E encanto não se compra, não se adquire, as vezes se herda, mas geralmente, ou se tem ou não se tem. Ou você vai me dizer que já ouviu falar em príncipes meio encantados? Ou em quase príncipes?

Os tempos passaram, nós, as “princesas” crescemos e os príncipes mudaram. Há até quem diga que eles não existem mais. Tenho uma amiga minha que inclusive, não só duvida da sua existência como me disse que é melhor amar a bruxa do que príncipe.

O que eu posso dizer é existem homens que de tão encantados conseguem transformar qualquer vida em um conto de fadas. O que diferencia o homem comum de um príncipe são as escolhas de vida desse homem. É quando ele faz questão de nos salvar pelo amor e querem isso de uma forma muito serena. E acredite, alguns ainda querem.

Esses Príncipes Encantados modernos, não demonstram pressa em ter sua princesa no colo, sabem que pode até demorar um pouco, mas sabem que “Aquela” é a dona do sapatinho de cristal, confiam na sua escolha.

O encanto do príncipe moderno está nas relações maduras, no beijo de boa noite, nas surpresas apaixonadas, no que foi falado nas entrelinhas, no que a boca cala, no que os olhos falam. Está na capacidade de acalentar com um beijo, de curar uma cólica com um abraço, de te dizer “fica tranquila, estou aqui, vai dar tudo certo”.

Reside ainda na imensidão de sua bondade, honestidade, gentileza, preocupações, em saber se a dor de garganta passou, em abrir a porta do carro, em fazer questão de te mostrar como é bonito o dia que nasce, a lua que se apodera da noite, como é bom dormir com a chuva lá fora.

Eu já me convenci de que príncipes encantados existem. E voce pode me perguntar como não se enganar com os “sapos” que existem por ai se fingindo de príncipes para ganhar um beijo.
E ai peço a licença poética: “É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica."

E como uma boa história infantil, se nada der certo, na melhor das hipóteses, podemos espetar o dedinho em uma agulha e dormir por cem anos. E, se isso não ser certo, ahhh, existe a hipótese de sair com as amigas e tomar uma garrafa de um bom vinho ou pegar o próximo avião para NY (acredite é terapêutico).

E viva os príncipes modernos, os realmente encantados e os que permanecem fiéis aos sonhos e acreditam que o amor é a melhor forma de salvar a princesa...

terça-feira, 23 de março de 2010

A seleção de Vinicius...

Momento Vinicius de Moraes... pedaços, trechos, diálogos, compreensões, divagações... por um pouco de poesia no dia e para a dose necessária de nostalgia...


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Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu.

Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
Vinícius de Moraes


Tomara que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
Vinícius de Moraes


A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Vinícius de Moraes

segunda-feira, 22 de março de 2010

diálogos de uma manhã nublada

... com uma grande amiga.... sobre as surpresas boas que a vida nos apresenta, sobre como estar aberta ao novo ... sobre como e quando decidi ser feliz.. e principalmente sobre como estar disposta a se entregar fez toda a diferença!!


O que é o novo nisso tudo? É parar de usar o conhecido como desculpa para permanecer pequeno e só. É arriscar novas atitudes, é apostar alto, é estar aberta para receber as surpresas da vida. Mesmo morrendo de medo de se machucar.. chega uma hora em que precisamos acreditar no outro e em si mesmo (..)

Ser feliz é uma escolha e decisão individual. Partilhar essa felicidade com a outra pessoa é uma forma de fazer a vida ter algum sentido (...)

Precisamos saber o que somos para poder partilhar com o outro. Respeitando nossas falhas e faltas, reconhecendo nossas carências, acalentando nossos talentos e dons, resguardando nosso crescimento, desenvolvemos a sensibilidade para enxergar o outro, se entregar de forma plena, por um simples querer. Simplesmente por querer andar lado a lado, caminhar até final junto (...)

E só então se torna possível permanecer alerta e apaixonado em qualquer relação e situação, com uma entrega plena, quando isso é feito de dentro pra fora (...)

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Nietzsche e eu

“Não ouse roubar minha solidão se não fores capaz de me fazer real compania.” Isso é Nietzsche, meu bem.

Atemporal e real o tal filósofo alemão. É bem verdade que eu cultivo uma predisposição irremediável pelo isolamento. Gosto de ser e de ficar sozinha. E as vezes se não me puxam, sou capaz de ficar dias sem dar notícias. Mas isso não quer dizer que eu seja uma pessoa solitária, de forma nenhuma, tenho horror à solidão nesse sentido melancólico e bucólico.

O fato é que eu prefiro muitas vezes estar sozinha. Repare: isso é uma opção.

E também é verdade que eu não sou uma pessoa solitária, muito pelo contrário, tenho alguns poucos amigos e amigas pelos quais não valeria a pena viver sem. Tenho meu trabalho, que é meu companheiro de emoções, rompantes, superações. Tenho minha família o que já me rende uma compania forçada (e cômica). Tenho meus bichos, que sempre estão lá para me mostrar que eu sou importante, pelo menos pra eles. Tenho meu passaporte, que me dá o direito de pegar um avião para qualquer lugar do mundo, que é realmente o tipo de liberdade que mais faz valer a pena o fato de ser sozinha.

Então, por tudo isso, a minha solidão é um camafeu muito bem cuidado e guardado. É um tesouro que eu não troco por qualquer coisa, mas abro mão, dependendo da sua proposta.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Diálogos de uma manhã!

Trechos de mais uma conversa sem pontos finais.

(...)

Cate: O importante mesmo é a gente não passar mais um feriado trancafiadas em Blumenau. É um absurdo que a gente more tão perto de lugares que o povo paga uma fortuna pra visitar e não de valor né? É a mesma coisa que morar em Búzios e nunca ter ido na praia kakakaka

Eu: E eu concordo contigo... a gente mora em um lugar abençoado, e trabalhamos muito, o mínimo que nós devemos fazer em agradecimento à vida, é aproveita-la, em sua plenitude e isso inclui não passar feriados em casa.

Cate: kakakaka morri de rir!! É... aproveita-la, em sua plenitude e isso inclui não passar feriados em casa.

Eu: É isso mesmo amiga... a gente tem que agradecer a vida que a gente tem, o lugar que moramos, a família que temos, as oportunidades que a gente sabe criar como ninguém.

E a vida, com todas as suas complexidades e de certa forma, com todas as suas incoerências, é linda. A nossa pelo menos é.

Claro que as vezes e por motivos óbvios, eu as vezes acho que a vida é um acaso até estúpido, que deve ter alguém lá em cima rindo da gente, brincando com a gente como se fossemos peças e simulando encontros, desencontros e situações só pra ver como a gente reage. As vezes eu penso isso.

Mas Cate, olha bem a nossa volta. Será que dá pra não ser feliz?

(…)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Eu queria..

Queria que a minha tarde terminasse hoje em Búzios e que eu chegasse para o por do sol.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Estar Sozinha

Bem, desde que meu ultimo relacionamento terminou, eu tenho ouvidos vários conselhos, dos mais absurdos até os mais sensatos. Não que eu precisasse ou que isso fosse mudar alguma coisa, mas é que as pessoas sentem a necessidade de falar algo e eu respeito, acabo ouvindo.

De tudo que ouvi, eu tentei formar uma opinião. Na verdade, não a minha opinião, porque essa eu já tenho, mas uma opinião sobre tudo que me falaram, o que é bem diferente.

O que eu acho mesmo é que essa história de metade da laranja, tampa da panela é ilusório. Uma teoria que pressupõe que precisamos ser uma “metade” e então achar outra “metade” para só então existir uma relação não pode estar correta.

Não acredito nisso, não acredito em meias pessoas, em metades, em entregas parciais. Não acredito em relações que pressupõem a necessidade de dependência de uma outra metade para existir.

Eu acredito em relações inteiras, em pessoas inteiras, em pessoas que se complementam, em desejo e não em dependência. Eu quero estar com alguém mas sem precisar dela, alias, não quero precisar de ninguém. E também não quero pessoas fracionadas na minha vida.

Isso não quer dizer que eu não sinta falta de alguém, que não tenha meus surtos por estar sozinha, mas nós que vivemos em uma era de individualidade, temos que cada vez mais compreender que para sermos feliz com outra pessoa, precisamos não precisar dela (licença poética), precisamos nos auto suportar, nos bastar, ser suficientes. É a mágica de encontrar as respostas em você e não em outra pessoa.

Precisamos entender que ter alguém é tão bom quanto estar sozinho. É só uma questão de se encontrar ou se desencontrar.

É justamente essa falta de dependência que eu acho que precisa juntar as pessoas, mas juntar duas pessoas inteiras e não duas metades.

É isso que eu quero pra mim e é isso que eu espero dar pra voce.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Trechos de uma conversa cheia de reticências...

(...) O mundo é plano, meu querido... eu sinceramente não acredito em distâncias. Não acredito em barreiras, fronteiras. Acho fantástico que nós, sobreviventes da pós modernidade podemos nos deslocar a qualquer momento para qualquer lugar do mundo em um tempo relativamente curto... e quem sabe, chegar para o jantar.

E nesse mundo, que não é mais redondo, mas sim plano, as pessoas não giram em círculos, muito pelo contrário, as pessoas se esbarram, sempre, seja indo ou voltando nessa estrada reta. As pessoas estão toda hora se (re)encontrando, acho que é só uma questão de timing, de perceber isso (...)