segunda-feira, 29 de março de 2010

Era uma vez, em um reino muito, muito distante...

Era uma vez um gato chinês, um rei burguês, um cavalo polonês.... Mentira, nem era sobre isso que eu queria falar!!

Eu tenho uma teoria...

Toda história encantada começa com “Era uma vez..” e termina com “...e viveram felizes para sempre!". Pois bem, assim é. Nos remontamos com nostalgia à essas histórias infantis porque mesmo depois de grandinhas, ainda é assim que esperamos que nossa vida termine.

Dos irmãos Grimm ao Walt Disney, todos sabemos como funciona a lógica previsível dos príncipes encantados. A princesa estava em perigo, o amor era a salvação, o príncipe aparecia em um cavalo branco e a bruxa malvada que morria de inveja da bela princesa desaparatava e tudo tinha um belo final, com passarinhos cantando, bules que falavam, flores que se abriam, enfim...

Por que nós mulheres pós modernas, independentes, inteligentes, suficientes, bem resolvidas ainda sonhamos pela hipótese, mesmo que remota de que ainda existam príncipes encantados?

Vejamos... nas histórias infantis o que fazia um príncipe ser encantado? Seu cavalo branco? O sangue azul? Seus milhões? Sua bela forma física? Sua roupa justa, seu chapéu, sua espada e sua capinha? Com certeza não. O que o fazia ser um príncipe era justamente o seu encanto. E encanto não se compra, não se adquire, as vezes se herda, mas geralmente, ou se tem ou não se tem. Ou você vai me dizer que já ouviu falar em príncipes meio encantados? Ou em quase príncipes?

Os tempos passaram, nós, as “princesas” crescemos e os príncipes mudaram. Há até quem diga que eles não existem mais. Tenho uma amiga minha que inclusive, não só duvida da sua existência como me disse que é melhor amar a bruxa do que príncipe.

O que eu posso dizer é existem homens que de tão encantados conseguem transformar qualquer vida em um conto de fadas. O que diferencia o homem comum de um príncipe são as escolhas de vida desse homem. É quando ele faz questão de nos salvar pelo amor e querem isso de uma forma muito serena. E acredite, alguns ainda querem.

Esses Príncipes Encantados modernos, não demonstram pressa em ter sua princesa no colo, sabem que pode até demorar um pouco, mas sabem que “Aquela” é a dona do sapatinho de cristal, confiam na sua escolha.

O encanto do príncipe moderno está nas relações maduras, no beijo de boa noite, nas surpresas apaixonadas, no que foi falado nas entrelinhas, no que a boca cala, no que os olhos falam. Está na capacidade de acalentar com um beijo, de curar uma cólica com um abraço, de te dizer “fica tranquila, estou aqui, vai dar tudo certo”.

Reside ainda na imensidão de sua bondade, honestidade, gentileza, preocupações, em saber se a dor de garganta passou, em abrir a porta do carro, em fazer questão de te mostrar como é bonito o dia que nasce, a lua que se apodera da noite, como é bom dormir com a chuva lá fora.

Eu já me convenci de que príncipes encantados existem. E voce pode me perguntar como não se enganar com os “sapos” que existem por ai se fingindo de príncipes para ganhar um beijo.
E ai peço a licença poética: “É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica."

E como uma boa história infantil, se nada der certo, na melhor das hipóteses, podemos espetar o dedinho em uma agulha e dormir por cem anos. E, se isso não ser certo, ahhh, existe a hipótese de sair com as amigas e tomar uma garrafa de um bom vinho ou pegar o próximo avião para NY (acredite é terapêutico).

E viva os príncipes modernos, os realmente encantados e os que permanecem fiéis aos sonhos e acreditam que o amor é a melhor forma de salvar a princesa...

terça-feira, 23 de março de 2010

A seleção de Vinicius...

Momento Vinicius de Moraes... pedaços, trechos, diálogos, compreensões, divagações... por um pouco de poesia no dia e para a dose necessária de nostalgia...


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Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu.

Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
Vinícius de Moraes


Tomara que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
Vinícius de Moraes


A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Vinícius de Moraes

segunda-feira, 22 de março de 2010

diálogos de uma manhã nublada

... com uma grande amiga.... sobre as surpresas boas que a vida nos apresenta, sobre como estar aberta ao novo ... sobre como e quando decidi ser feliz.. e principalmente sobre como estar disposta a se entregar fez toda a diferença!!


O que é o novo nisso tudo? É parar de usar o conhecido como desculpa para permanecer pequeno e só. É arriscar novas atitudes, é apostar alto, é estar aberta para receber as surpresas da vida. Mesmo morrendo de medo de se machucar.. chega uma hora em que precisamos acreditar no outro e em si mesmo (..)

Ser feliz é uma escolha e decisão individual. Partilhar essa felicidade com a outra pessoa é uma forma de fazer a vida ter algum sentido (...)

Precisamos saber o que somos para poder partilhar com o outro. Respeitando nossas falhas e faltas, reconhecendo nossas carências, acalentando nossos talentos e dons, resguardando nosso crescimento, desenvolvemos a sensibilidade para enxergar o outro, se entregar de forma plena, por um simples querer. Simplesmente por querer andar lado a lado, caminhar até final junto (...)

E só então se torna possível permanecer alerta e apaixonado em qualquer relação e situação, com uma entrega plena, quando isso é feito de dentro pra fora (...)

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Nietzsche e eu

“Não ouse roubar minha solidão se não fores capaz de me fazer real compania.” Isso é Nietzsche, meu bem.

Atemporal e real o tal filósofo alemão. É bem verdade que eu cultivo uma predisposição irremediável pelo isolamento. Gosto de ser e de ficar sozinha. E as vezes se não me puxam, sou capaz de ficar dias sem dar notícias. Mas isso não quer dizer que eu seja uma pessoa solitária, de forma nenhuma, tenho horror à solidão nesse sentido melancólico e bucólico.

O fato é que eu prefiro muitas vezes estar sozinha. Repare: isso é uma opção.

E também é verdade que eu não sou uma pessoa solitária, muito pelo contrário, tenho alguns poucos amigos e amigas pelos quais não valeria a pena viver sem. Tenho meu trabalho, que é meu companheiro de emoções, rompantes, superações. Tenho minha família o que já me rende uma compania forçada (e cômica). Tenho meus bichos, que sempre estão lá para me mostrar que eu sou importante, pelo menos pra eles. Tenho meu passaporte, que me dá o direito de pegar um avião para qualquer lugar do mundo, que é realmente o tipo de liberdade que mais faz valer a pena o fato de ser sozinha.

Então, por tudo isso, a minha solidão é um camafeu muito bem cuidado e guardado. É um tesouro que eu não troco por qualquer coisa, mas abro mão, dependendo da sua proposta.