sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Amigos Diamantes

Bem, eu não tenho muitos amigos, diria que os verdadeiros mesmo enchem uma mão e meia, que obviamente não os citaria para não fazer nenhuma injustiça.

Pois bem, dentre esses, tem uma das minhas amigas que vai ser o tema do texto de hoje. Bem, nos conhecemos na época da faculdade, nunca fomos da mesma turma, mas fazíamos o mesmo curso e estagiávamos no mesmo local. É... no Presídio. Sério, éramos estagiárias do serviço judiciário aos presos e era um trabalho que fazíamos de coração.

Era uma época em que a gente era mais inocente, acreditávamos mais nesse lance de justiça e achávamos que o Direito era uma forma poderosa de tornar o mundo melhor. E juro pra você que era por acreditar nesse discurso que fazíamos aquele trabalho, porque pelo mísero “auxílio-educação” não era... o motivo com certeza era ideológico. Eu me lembro com muito carinho desse tempo.

Pois bem, no ínicio, eu acho que a gente nem se topava direito, mas o tempo foi passando, descobrimos afinidades, ficamos amigas, nos formamos, crescemos e hoje nos falamos quase todo dia e tentamos nos ver pelo menos uma vez por semana. Ontem foi um desses dias em que saímos para tomar um café depois do trabalho.

É claro que ela tem uma infinidade de qualidades, mas uma das coisas mais fascinantes dela é que ela é uma pessoa chique!! Pronto, falei e era ai que eu queria chegar desde o início. Era para falar de pessoas como ela, que são chiques de berço, pessoas que tem estirpe.

E, ela é do tipo de pessoa que é chique não pela sua posição social ou pela sua conta bancária, isso nem está em questão, ela é chique porque ela tem “pedigree”. Você pode conversar com ela sobre qualquer coisa, extremamente bem vestida, sempre low profile, não chama atenção, e só se você olhar bem a marca da bolsa dela, você vai ver que discretamente tem uma etiqueta que denuncia que trata-se de uma conhecida marca européia que nem vende no Brasil.

- Ai, Mari, pra que ostentar?
- Bem, amiga, é porque não é tão comum ver uma bolsa Balenc.... no nosso meio!!!!

E essa minha amiga, assim como eu, não nasceu em nenhum berço de diamantes, trabalha pra caramba, deu um duro danado pra se formar, tem 3, 4, 5 formas “laborais” diferentes para tirar uma grana... e isso inclui, ter um emprego oficial, advogar, vender muamba, e tudo mais que não seja ilegal, imoral ou que engorde.

Nunca me esqueço de uma vez que eu toda empolgada, falei: “Amigaaaa, ai, voce podia tirar teu visto americano pra gente ir pra NY nééé???”, ao que ela me responde até um pouco envergonhada, com um falar baixo: “Não, Mari, eu não preciso de visto... tenho passaporte europeu”.

Silêncio....é, pois é, é sobre isso que eu me referia... ela é desse tipo de pessoa.

Ela escolhe bem um bom prato, escolhe um bom vinho, reconhece uma boa musica, é educadíssima, fala baixo, sabe o que ta rolando na nova coleção do Marc Jacobs, tem um humor inteligentíssimo, sabe se portar em qualquer situação que você possa imaginar sem perder a compostura, fala e escreve sem nenhum erro de português, é uma advogada competente, profissional de primeiro time, e uma baita amiga, daquelas parceiras mesmo.

(Uma vez, há muitos anos atrás, eu tinha terminado com um namoradinho, ela tomou umas taças de vinho só pra me fazer rir e fez brigadeiro de madrugada pra mim... além de me aturar chorando as pindarolas.)

Hoje, olho para nós e muita coisa mudou na gente, perdemos, ganhamos, caímos, levantamos, rimos, choramos, mas fico feliz também por olhar para a gente e ver que muita coisa continua igualzinha e é isso que é fantástico, é saber que existem certas coisas em nós que não mudam e que realmente existem pessoas que são pra sempre.