domingo, 16 de agosto de 2009

As rasuras - as minhas, as suas e as do Oswaldo

Comecei a lembrar de uma musica do Oswaldo Montenegro (aplausos!! em pé, por favor..) que dizia mais ou menos assim:

Me desculpe o mesmo gesto, meu constante gesto insano (...)
Rasurando nosso branco, com a mistura que eu sou
Me desculpe o gesto louco, a aspereza da loucura (...)
Mas por que, se a gente é tanto, nosso amor sofreu rasura?
Nosso inconfundível gesto eu desfiz na minha mão
Me desculpe, ou melhor, não. Me abrace e comemore
Que a rasura que foi feita foi perfeita na sua hora
E mais que o mais perfeito, rasurar valeu a pena.
Como esteve rasurado o primeiro original do mais lindo poema

Eu nem sei se era uma metáfora entre as “rasuras” e as “tentativa/erros” na busca pela felicidade que era a real intenção do Oswaldo, mas eu acho que serve como meu pedido para licença poética.

Quem nao conhece um relacionamento, aquele perfeito, ou que pelo menos, tinha tudo pra ser, sofreu uma rasura, um risco, um rabisco, vai ver que é porque ele não era aquilo tudo, ou "a gente nem se amava tanto assim".

No começo ate parece que sim, mas depois, conforme as páginas vão virando, com a convivência, com o peso de uma vida a dois, vai se rabiscando uma coisa aqui, apaga outra ali, engole uma frase hoje, faz de conta que não ouviu aquela outra, e de repente, o branco, está rasurado.

De uma forma, ou de outra, segundo o Oswaldo, de quem concordo e por quem sou declaradamente e platonicamente apaixonada, rasurar sempre vale a pena, os acertos e ajustes são sempre válidos, a rasura sempre será perfeita na sua hora... e assim como foi rasurado, o original do mais lindo poema, permita-se rasurar, apagar, rabiscar, rasgar, todas as páginas, as brancas ou escritas, e escreva de novo... e se precisar voltar, apague e escreva de novo.

Eu prefiro ser um livro todo rasurado, não suportaria ter minhas páginas em branco, todas certinhas, sem borrões, e voce?