Diante do momento trágico que passamos em Santa Catarina, não há como não pensar nas ironias da vida, nos caminhos do destino, nas impotencialidades diante de catástrofes, a eterna batalha entre a ordem e a desordem, a harmonia e o caos.
O caos, na abordagem científica da Teoria do Caos, é um comportamento sem lei, inteiramente sem previsibilidade a partir do momento em que a casualidade interfere em uma ordem existente. Cientificamente falando, os sistemas obedecem a leis imutáveis e por isso, previsíveis, no entanto, quando o fator causalidade interfere nesse ambiente provoca irregularidades, é esse o momento do caos.
Exemplificando: Vamos imaginar que o departamento de transito tenha todas as informações daquele ambiente reunidas. Saiba o mapa da cidade, a sincronia de todos os semáforos, a velocidade média de todos os carros, o numero de carros exatos que circulam naquela determinada hora do dia e a origem e o destino de cada carro e coloque todas essas informações em um sistema que possa prever todas as situações possíveis e então manter o trânsito fluindo. Essa é a ordem, o sistema previsível.
No entanto, um único motorista que se distraia e encoste no carro da frente provocando um engavetamento de carros quebrará a ordem instaurada e esse é o momento do caos, quando a eventualidade, a fatalidade, a casualidade interferem em um sistema ordenado ocasionando situações totalmente imprevisíveis. Um relógio como um símbolo de ordem universal tem seus movimentos previsíveis porque suas peças se encaixam perfeitamente, podemos prever seu comportamento em anos.
Por isso, e ainda pensando nas ironias da vida, no destino, acho que nem sempre fazer tudo certo, com regras e metodologias nos dá o controle do nosso futuro e da nossa história. Existe um espaço para o acidental que precisa ser avaliado como fator de impacto no destino. Todos conhecemos histórias de pessoas que no último minuto, por fatores pequenos e acidentais, não entraram em um carro que se acidentou, que perderam o avião que caiu, e de pessoas também que por causalidade estavam onde não deveriam estar no momento de uma tragédia. É a fatalidade interferindo na ordem natural das coisas. É uma simples eventualidade definindo a diferença entre viver ou morrer. É o que os cientistas da Teoria do Caos chamam de “Efeito Borboleta”.
E é por isso que em uma abordagem menos científica, o Caos e sua teoria nos mostram uma perspectiva não sobre o destino, mas sobre uma “idéia de destino”. Classicamente, pensamos que os acontecimentos devem ser aceitos, pois o destino é traçado e seus acontecimentos previstos, no entanto, por essa abordagem, percebemos que temos uma noção de previsibilidade, até o momento que a fatalidade, ou o “Efeito Borboleta” incide sobre essa ordem. O destino, sob essa ótica, até existe, mas ele é modificado toda vez que fazemos novas escolhas.
Talvez eu esteja simplificando demais, justificando uma tragédia como sendo apenas uma desordem no sistema ocasionada por uma fatalidade, mas o fato é que não estamos preparados para o imprevisível, para o incontrolável, para o que nos foge, para o que não conhecemos, para o incerto e no momento em que uma fatalidade nos acomete não encontramos muitas respostas e nem muitas explicações.
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Há 2 dias